terça-feira, 26 de outubro de 2010

Carta a uma senhorita.

Não preciso de muita coisa na vida. Dinheiro, por exemplo. Preciso de dinheiro. Mas sabe, preciso de tão pouco... alguma notinha pouca que dê para comer e beber. Quero alguns trapos que me cubram o corpo, comprar cerveja, cachaça e erva-mate. Quero pagar o futebol, se preciso; pagar a música, se preciso. Comprar meus livros, qualquer ediçãozinha barata que dá pra ler igualzinho. Botar combustível no carro, comprar uma redezinha pra mim, que se for boa vai durar pra sempre, sabe? Dinheirinho para sair com os amigos vez em quando e, vez em quando, pagar uma cerveja porque meu coração esteja querendo tanto pagar aquela cerveja para um bom amigo. Dinheirinho para, vez em quando, dar um presentinho pra minha garota, que eu gosto dela, desse jeito. Quero botar um teto sobre minha cabeça e comprar uns cobertores.

Dos meus filhos que virão não sei muita coisa. Se sairão parecidos comigo? Meio complicado, só o seu José consegue algo parecido. Não que eu seja bom, ou ruim, ou único; mas sim que eu seja eu, sabe, do jeito que saí, do jeito que cresci, do jeito que amei e sonhei. Então, o que eu peço é que me tenham consideração, se quiserem mais do que eu em dinheiro, eu darei um jeito de ter um pouco mais pra eles. Só quero que me tenham consideração, que é tudo que um coração de pai deve querer durante toda a vida, creio.

Da mulher que me aguentar, queria o tal do amor. Mesmo. E é o mesmo com ela que com meus filhos: se ela também não se contentar com o tanto que eu me contento do dinheirinho, eu vou dar um jeito de ela ter mais também.
Só peço a essas pessoinhas todas que ainda virão a mim que não tentem me mudar, que sou feliz assim.

Deixem-me amando as coisas, as pessoas, que eu me acerto.

E assim eu fico acertado contigo, senhorita Vida...

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