quarta-feira, 16 de junho de 2010

Biblos

Biblos é uma cidade situada nalgum lugar que está por aí. Biblos é muito bem organizada: as vias são aquáticas, que as pessoas aproveitam para, assim, não ter de tomar banho em casa e ganhar resistência às doenças, pois todas dividem os mesmos microorganismos, uma beleza comunitária.

Biblos não tem governantes; tem sim uma urna em que qualquer habitante considerado cidadão (coisa que lá inclui homens, mulheres, crianças e os patos, que são também animais sagrados) coloca sugestões - os patos, no caso, fingem falar, e os humanos fingem entender, e dá tudo certo. Então, é a democracia do bilhetinho, e é tão esperta quanto encher balões de aniversário a sopro: todo dia é sorteado um bilhetinho com alguma sugestão, que é imediatamente adotada. Isso dá problemas, como na vez em que a sugestão retirada foi a de revogar as togas púrpuras como traje oficial, e adotar as calcinhas de papel crepom. Os patos - animais sagrados, bem dito - não souberam como adotar a vestimenta e engoliram-na, causando assim um morticídio gigante dos patos, o que causou enorme comoção. Além disso, as próprias pessoas estranharam, num primeiro momento, aquelas vestimentas tão diferentes, mas, de todo o modo, aquilo gerou novos ramos no comércio biblense: capas de plástico para os dias de chuva, nos mais diversos formatos, bótons que acendiam luzinhas quando as pessoas ficavam excitadas (o que gerou grande comércio de carregadores também), coisas das mais diversas, das mais diversas.


Em Biblos, há grandes negócios - o principal é vender orangotangos às putas: negócio bem bom, que movimenta milhões. Orangotangos enfeitam as sex shops com seu apelo sexual impressionante, são mania da cidade, e as putas os usam para fins secretos, que ninguém jamais descobriu, pois o sindicato mais unido de Biblos é o delas, as putas, profissão antiga e bem conceituada.

Biblos tem algumas situações bem peculiares, mas são poucas, é claro. Não há festas em ambientes fechados, com a justificativa de que espermatozóides são vírus que podem fluturar e entrar em corpos livremente, implantados nos biblenses pela cidade vizinha, Judiará do Norte, com a intenção final de superlotar a cidade de Biblos e, assim, vencer a briga centenária pela Madame Diarréia, que é uma entidade de Biblos tão sagrada quanto os patos - para que se tenha uma idéia, os patos, animais sagrados que são, ao ver a estátua de urânio de Madame Diarréia, enterram seus bicos na terra e assim ficam, com suas bundas para cima, em silêncio, por um minuto, quando finalmente se dão conta de que já estão sendo ridículos frente aos humanos, seres inferiores, cidadães inferiores e, então, saem grasnando, desaforados.

Biblos tem algumas peculiaridades que se renovam. Ainda saberemos de mais algumas. Por enquanto, há de se saber que 17 de junho é o dia biblense do embelezamento de Madame Diarréia, portanto, tudo está parado em Biblos. Mais virá.

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