terça-feira, 17 de agosto de 2010

Carta do garoto 20, ao mundo e à alma.

"Ah, que sensações desprendem-se de mim e assustam. Tenho pessoas aqui ao meu redor que não me compreendem e temem: temem aquilo que não entendem, aquilo a que resistem que é a vida de verdade solta no mundo fora do que vivemos, todos vivendo dentro da mesma bolha saturada e se matando por um pouco de papel ou um pouco mais de sociedade, esse vício maldito.

Ah, que medo tenho dentro de mim ao mesmo tempo. Que medo de soltar todo esse apego e procurar aquilo que nos proíbem: a vida que nosso coração quer, os caminhos com coração de Dom Juan e Castañeda. Ver o mundo como algo diferente, numa concepção diferente e ousada. Esquecer daquilo que nos prende tão mesquinhamente e se soltar sem medo por todos os caminhos com coração, e com os nossos corações soltos das jaulas. Com os nossos corações gritando por aí e fugindo de nós num eterno pega-pega divertido no qual sempre venceríamos...

Ah, que fascinação pela qual me toma o crepúsculo e surpreende meus sentidos; e, assim, retoma meus velhos sonhos, tentando vencê-los conjurando novos sonhos. Por que tamanha exultação me pega o crepúsculo vencendo o mistério do sol com um pouco de vinho e Janis Joplin com "Cry Baby", que é como procuro o ajudar a me ajudar - falo do crepúsculo, esse fantasma camarada...

Ah, não me mente jamais, minha alma. Pode sempre - dou-te permissão - tomar-me pela mão e levar-me aos mais diversos lugares que de ti não tenho medo algum! E sei que queres meu bem, meu bem, por isso entrego-me ao teu belprazer no meio da tempestade de quaisquer sentimentos que venham a mim, calhando-me eles ou não. E tu me levas assim, embriagada por qualquer coisa ou não, sem carteira de motorista ou RG ou CPF, para qualquer canto do universo; da minha mente; da mente dos outros. E tu me tens assim, para todo o sempre, trato de sangue e de ectoplasma além da vida.

Ah, minha alma, digo-te: tenho dentro de mim a fagulha para um incêndio, resistindo a tudo. Fagulha que não se apaga, não, de forma alguma: ela se transmuta, modifica-se ou mente para todas as forças, mas permanece ali - triste de mim que ela fica ali fagulha, não prende o fogo e vira chama para destruir todo o universo que criei dentro de mim e virar algo maior que tudo, que vê e enxerga o mundo de um jeito que não é o jeito de sempre, sem medo de nada e humilde a tudo.

Ah, minha alma, digo-te: sou pequeno, mas eu e minha fagulha vencemos o inferno com um pouco de álcool..."

3 comentários:

  1. Esperamos ver essa fagulha virar fogo logo. Lindo demais!!!

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  2. "Ah, minha alma, digo-te: sou pequeno, mas eu e minha fagulha vencemos o inferno com um pouco de álcool..."

    curti! hahaha

    bj
    Raquel

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